domingo, 22 de abril de 2012

ANSIEDADE ,TOC ,SÍNDROME DO PÂNICO

A visão espírita do transtorno do pânico amplia os horizontes já citados dos referenciais biológicos e psicológicos, já que remonta às possíveis causas e propõe uma terapêutica positivamente de mudança do ser espiritual reencarnado.

Em O Evangelho Segundo O Espiritismo, no capítulo 5, temos dois ítens que tratam das causas atuais das aflições e das causas passadas das aflições, onde os benfeitores maiores nos dizem que tudo aquilo que não foi gerado nesta existência, como causa do efeito que agora se experimenta, seguramente esta causa estará em uma outra existência.

Sendo Deus infinitamente justo e perfeito, suas leis são sempre perfeitas. E quando os benfeitores espirituais nos esclarecem em O Livro dos Espíritos que a lei de Deus está escrita na própria consciência, temos aí o guia que nos orienta quanto à qualidade das nossas ações.

Joanna de Ângelis, Espírito, em sua obra Amor, Imbatível Amor afirma que as raízes do transtorno do pânico encontram-se na criatura que desconsiderou as Soberanas Leis e se reencarna com predisposição fisiológica, imprimindo nos genes a necessidade da reparação dos delitos passados que ficaram sem a retificação, porque ficaram desconhecidos da justiça humana, porém, não da justiça divina e da própria consciência.

A pessoa abre campo para uma série de resgates, abrindo também campo para o processo obsessivo, por parte de entidades espirituais que se utilizam dos arquivos mentais do doente, para manipular seus pensamentos e emoções, criando quadros aterradores para quem lhe padece o conúbio devastador.

Por isso, o Mestre nos adverte docemente, como encontramos em Mateus 5:25 - concilia-te com o teu inimigo. Isso porque, se podemos nos ter por conta de nossos melhores amigos, somos também nós mesmos os nossos piores inimigos. Nossos inimigos maiores são as nossas imperfeições! Nossos piores adversários estão dentro de nós. Reconciliar é mudar enquanto é tempo. É não permitir-se desencarnar com o sentimento da culpa, que é tão avassalador. Para aquele que desencarna, a realidade espiritual é encontrar do outro lado do espelho da vida aquela realidade que nos mostra como realmente somos e estamos, sem máscaras a nos ocultar o íntimo.

Assim, temos na qualidade dos nossos atos, pensamentos e sentimentos os alteradores de nosso modelo organizador biológico, aquele que modelará nosso futuro corpo em uma nova reencarnação. Podemos desde agora usar deste conhecimento para a conquista do bem estar integral do ser. Jesus nos disse que tudo é possível àquele que crê. Crer aqui não é só o acreditar, mas também é o fazer a sua parte para conquistar aquilo que se crê, buscando na prece os recursos balsamisantes da renovação e exercitando as virtudes do amor e do perdão, dentro do trabalho ativo do bem.


Joanna de Ângelis &  Divaldo P. Franco em Dias Gloriosos

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Reminiscências de um fumante











Deixei, por fim, o corpo em conseqüência de grave crise de
enfisema pulmonar. O cigarro, ao longo do tempo, fizera o seu trabalho. 

Haviam sido inúteis todas as minhas tentativas para deixar de fumar. Nos últimos dias, porém, eu nem podia falar em cigarro. Creio que tudo fazia parte de uma preparação para que, além da morte, desejo de fumar não me atormentasse. Digo-lhes, no entanto, que tive de lutar muito; vezes sem conta levava a mão aos bolsos, procurando os cigarros de palha que costumava guardar no jaleco. Desencarnar é operação das mais simples; difícil é esquecer os velhos hábitos. 

Confesso-lhes que, de certa forma, eu me sentia perdido, hesitando entre partir e ficar. Não era tanto apego aos bens, que eu sabia não mais me pertencerem - eu havia me despojado de quase
todos eles ainda em vida -, mas a insegurança de quem se sente numa encruzilhada.

 Nos momentos de agonia, enquanto tentava respirar com o
auxílio do balão de oxigênio, via diversos vultos ao meu lado, semblantes amigos que eu podia identificar; todavia, nos recessos do ser eu me sentia a sós - a sós com o que eu fizera de mim mesmo, ao longo de uma existência que poderia ter sido mais profícua. 

Sentindo que não adiantava continuar resistindo, encorajei-me nas preces dos amigos que oravam em silêncio, ao
redor do meu leito, e entreguei-me. Pude notar quando os laços que me mantinham preso ao corpo se afrouxaram. A consciência entrou numa espécie de turbilhão e senti-me caindo para dentro de mim.

Imagens de mim mesmo começaram céleres, a desfilar diante dos olhos que eu havia cerrado para o mundo. O conhecimento espírita adquirido a peso de ingentes sacrifícios me assessorava na inevitável introspecção.


 Sem exagero, afirmo-lhes que a minha condição de médico psiquiatra de nada me valeu naquela hora: sequer me veio à lembrança, em forma de socorro, pelo menos uma das teorias dos grandes luminares da Psicanálise. 

Um medo cada vez maior da verdade - do confronto inevitável
comigo - foi, aos poucos, se apossando de mim. Eu não havia sido tão benemérito quanto me consideravam! A considerável distância, mas como se ainda permanecesse de ouvidos colados ao corpo, pude escutar quando o médico chamado às pressas, sentenciou: 

—Acabou! Quando eu o ouvi dizer que tudo estava consumado, comecei, estranhamente, a me sentir mais leve ainda. 

Eu me compararia, naquela situação, a uma pluma soprada em rodopios pelo vento. Onde estaria o chão, que eu não conseguia tocar?! Devagar fui me tranqüilizando, buscando concentrar esforços na oração. Eu me sentia frágil - mais frágil do que propriamente enfraquecido. 

Instante algum, eu perdera a consciência; sem dúvida, mais tarde, me entregaria aos braços de indispensável sono reparador, mas, querendo observar tudo, eu me mantinha alerta. Queria experimentar por mim todas as fases do fenômeno.

 O que conhecia, à exaustão, na fértil bibliografia espírita, desejava saber por mim mesmo. Afinal, segundo creio aquela era a primeira vez em que deixava o corpo com alguma lucidez. Cansara de doutrinar espíritos nas sessões de desobsessão, que desvinculados da vida física, não conseguiam se situar no espaço e no tempo.

 Não quero exauri-los com as minhas narrativas e procurarei ater-me apenas ao essencial. Talvez quem esteja me lendo estas
palavras formule o questionamento: —Mas o quê? O grande Inácio Ferreira embaraçado depois da morte?! Inacreditável!




Carlos Bacelli/ Inácio Ferreira - Do outro lado do Espelho

OBSTÁCULOS À MEDIUNIDADE:

A mediunidade tem, como fim providencial, a elevação espiritual da Humanidade e do planeta que habita. Como consequência, faculta o intercâmbio dos desencarnados com os homens, rompendo a cortina que aparentemente os separa, destruindo na base a negação e o cepticismo a que muitos se aferram. Da mesma forma, oferece a correta visão da realidade de ultratumba, ampliando a compreensão em torno do mundo primeiro e causal onde todos se originam e para o qual retornam; dá ensejo ao esforço de promoção cultural e moral, graças ao qual se torna possível a libertação dos vícios e dos atavismos mais primários que lhe predominam em a natureza.

A faculdade mediúnica propicia o esclarecimento dos que se demoram na rebeldia espiritual, num ou noutro lado da vida, auxiliando a terapia das alienações e, sobretudo, da desagregação interior que resulta do desconhecimento das Leis que os Espíritos Superiores explicam e ajudam a ser respeitadas, em face da finalidade que têm de manter a ordem e o equilíbrio, que constituem fundamento primacial no Universo.

Assim, o exercício mediúnico fortalece os laços da fraternidade entre os habitantes das duas esferas de diferentes vibrações, ampliando a área do afeto e eliminando o ódio cáustico que infelicita grande faixa de seres; estimula a humildade, pois que demonstra, diante da grandeza da Vida, a pequenez do homem, não obstante ser o grande investimento do Amor que o promove e eleva através dos milênios, trabalhando pelo seu engrandecimento.

A mediunidade bem exercida leva o trabalhador ao mediumato, que tem, em Jesus, o Modelo, por haver sido, por excelência, o perfeito Médium de Deus, graças à sintonia ideal mantida com o Pai. Apesar de tais objetivos, há escolhos graves que se lhe antepõem, intentando impedir-lhe os logros elevados. O mais cruel são as imperfeições morais do próprio médium, que permitem a interferência dos maus Espíritos como dos frívolos, que com ele se afinam, mantendo identificação de propósitos, naturalmente de natureza inferior. Concomitantemente, esse intercâmbio de características negativas ou vulgares determina o aparecimento das síndromes obsessivas que, não cuidadas em tempo próprio, se transformam em malsinada fascinação e subjugação, com graves riscos, inclusive, de vida para o invigilante.

Essa inferioridade em a natureza moral do médium, quando não encontra conveniente educação e aprimoramento, responde por incontáveis males que não deixam o medianeiro alcançar o elevado mister a que está destinado. Por essas razões, variam os graus de mediunidade, em decorrência dos registros que tipificam as credenciais intelecto-morais de cada um. Da mesma forma, diferem os tipos de mediunidade, e graças à sua larga faixa, a documentação da sobrevivência melhor se afirma, fazendo que se esboroem as hipóteses que se lhe contrapõem com arroubos de negação da sua real procedência.  

O médium deve, como efeito dos perigos a que está exposto, trabalhar pelo aprimoramento íntimo constante, exercendo o seu ministério com abnegação e desinteresse, mediante o que granjeia a simpatia dos Bons Espíritos, que passam a assisti-lo, ao mesmo tempo em que haure recursos fluídicos entre aqueles que lhe recebem os benefícios, adquirindo mais segurança e capacidade de autodoação. Assim se fortalece e sai das frequências mais baixas vivendando, então, os ideais relevantes e altruísticos.

O orgulho e a presunção, a indolência e a irresponsabilidade, tão do agrado das pessoas descuidadas em relação aos compromissos de alto porte, não devem vigernas atitudes de quem abraça a tarefa mediúnica, pois que aquelas qualidades perniciosas do caráter tornam-se-lhe escolhos perigosos. Vemos, no dia-a-dia, esses indivíduos instáveis e incorretos, exercendo a mediunidade com insegurança e descontrole, com altibaixos que bem denotam a sua conduta reprochável e o seu deplorável estado íntimo.

Não é a mediunidade responsável por esses comportamentos ridículos e perigosos, conforme fazem crer alguns médiuns inescrupulosos, mas eles mesmos, por serem de constituição moral frágil e emocionalmente atormentados, tenteando com os episódios obsessivos que terminarão por vitimá-los, mais tarde. Exercem a faculdade mediúnica para autopromoção, sem escrúpulo nem consciência correta dos próprios atos.

Acreditando-se criaturas especiais, permitem-se contínuas leviandades, brincando com as forças da vida, que atiram aos jogos espúrios dos interesses imediatos, descambando para graves situações nas quais se infelicitam e aos demais prejudicam. Ardilosos, mentem, dissimulam, disfarçando esses sentimentos inferiores como sendo influência dos Espíritos maus, o que realmente sucede às vezes, porém pela simples razão de serem eles mesmos os responsáveis pela ocorrência, em face da afinidade recíproca existente, assim se comprazendo em permanecer na postura que fingem deplorar.

Os médiuns seguros, conforme definiu Allan Kardec, ouvem as comunicações de que se fazem intermediários, aplicando-as em favor do próprio progresso, cônscios dos compromissos dignos que assumiram e buscam desincumbir-se com dignidade. São, por isso mesmo, homens honrados, que mais facilmente se engrandecem pelos exemplos de que dão mostras, tornando-se merecedores de ser seguidos pelo bem-estar que exteriorizam, porque o fruem na sua vivência cotidiana.

O diluente eficaz para esses obstáculos da mediunidade é, desse modo, o aprimoramento moral do sensitivo, que encontrará no trabalho da edificação do bem e da caridade, na oração e no estudo edificante, as forças para romper os impedimentos próprios da sua natureza em estágio de progresso, alcançando os patamares da libertação.

do Livro TEMAS DA VIDA E DA MORTE - MANOEL P. DE MIRANDA - PÁG. 125

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Anencefalia

     Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia.
     De igual maneira, nos destinos humanos sempre vige a Lei de Causa e Efeito, como responsável legítima por todas as ocorrências, por mais diversificadas apresentem-se.
     O Espírito progride através das experiências que lhe facultam desenvolver o conhecimento intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas, transformando-as em emoções relevantes e libertadoras.
     Agindo sob o impacto das tendências que nele jazem, fruto que são de vivências anteriores, elabora, inconscientemente, o programa a que se deve submeter na sucessão do tempo futuro.
     Harmonia emocional, equilíbrio mental, saúde orgânica ou o seu inverso, em forma de transtornos de vária denominação, fazem-se ocorrência natural dessa elaborada e transata proposta evolutiva.
     Todos experimentam, inevitavelmente, as consequências dos seus pensamentos, que são responsáveis pelas suas manifestações verbais e realizações exteriores.
     Sentindo, intimamente, a presença de Deus, a convivência social e as imposições educacionais, criam condicionamentos que, infelizmente, em incontáveis indivíduos dão lugar às dúvidas atrozes em torno da sua origem espiritual, da sua imortalidade.
     Mesmo quando se vincula a alguma doutrina religiosa, com as exceções compreensíveis, o comportamento moral permanece materialista, utilitarista, atado às paixões defluentes do egotismo.
     Não fosse assim, e decerto, muitos benefícios adviriam da convicção espiritual, que sempre define as condutas saudáveis, por constituírem motivos de elevação, defluentes do dever e da razão.
     Na falta desse equilíbrio, adota-se atitude de rebeldia, quando não se encontra satisfeito com a sucessão dos acontecimentos tidos como frustrantes, perturbadores, infelizes...
     Desequipado de conteúdos superiores que proporcionam a autoconfiança, o otimismo, a esperança, essa revolta, estimulada pelo primarismo que ainda jaz no ser, trabalhando em favor do egoísmo, sempre transfere a responsabilidade dos sofrimentos, dos insucessos momentâneos aos outros, às circunstâncias ditas aziagas, que consideram injustas e, dominados pelo desespero fogem através de mecanismos derrotistas e infelizes que mais o degrada, entre os quais o nefando suicídio.
     Na imensa gama de instrumentos utilizados para o autocídio, o que é praticado por armas de fogo ou mediante quedas espetaculares de edifícios, de abismos, desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila...
     Não ficariam aí, porém, os danos perpetrados, alcançando os delicados tecidos do corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução.

                           *

    É inevitável o renascimento daquele que assim buscou a extinção da vida, portando degenerescências físicas e mentais, particularmente a anencefalia.
    Muitos desses assim considerados, no entanto, não são totalmente destituídos do órgão cerebral.
     Há, desse modo, anencéfalos e anencéfalos.
     Expressivo número de anencéfalos preserva o cérebro primitivo ou reptiliano, o diencéfalo e as raízes do núcleo neural que se vincula ao sistema nervoso central…
     Necessitam viver no corpo, mesmo que a fatalidade da morte após o renascimento, reconduza-os ao mundo espiritual.
     Interromper-lhes o desenvolvimento no útero materno é crime hediondo em relação à vida. Têm vida sim, embora em padrões diferentes dos considerados normais pelo conhecimento genético atual...
     Não se tratam de coisas conduzidas interiormente pela mulher, mas de filhos, que não puderam concluir a formação orgânica total, pois que são resultado da concepção, da união do espermatozoide com o óvulo.
     Faltou na gestante o ácido fólico, que se tornou responsável pela ocorrência terrível.
     Sucede, porém, que a genitora igualmente não é vítima de injustiça divina ou da espúria Lei do Acaso, pois que foi corresponsável pelo suicídio daquele Espírito que agora a busca para juntos conseguirem o inadiável processo de reparação do crime, de recuperação da paz e do equilíbrio antes destruído.
     Quando as legislações desvairam e descriminam o aborto do anencéfalo, facilitando a sua aplicação, a sociedade caminha, a passos largos, para a legitimação de todas as formas cruéis de abortamento.
     ... E quando a humanidade mata o feto, prepara-se para outros hediondos crimes que a cultura, a ética e a civilização já deveriam haver eliminado no vasto processo de crescimento intelecto-moral.
     Todos os recentes governos ditatoriais e arbitrários iniciaram as suas dominações extravagantes e terríveis, tornando o aborto legal e culminando, na sucessão do tempo, com os campos de extermínio de vidas sob o açodar dos mórbidos preconceitos de raça, de etnia, de religião, de política, de sociedade...
     A morbidez atinge, desse modo, o clímax, quando a vida é desvalorizada e o ser humano torna-se descartável.
     As loucuras eugênicas, em busca de seres humanos perfeitos, respondem por crueldades inimagináveis, desde as crianças que eram assassinadas quando nasciam com qualquer tipo de imperfeição, não servindo para as guerras, na cultura espartana, como as que ainda são atiradas aos rios, por portarem deficiências, para morrer por afogamento, em algumas tribos primitivas.
     Qual, porém, a diferença entre a atitude da civilização grega e o primarismo selvagem desses clãs e a moderna conduta em relação ao anencéfalo?
     O processo de evolução, no entanto, é inevitável, e os criminosos legais de hoje, recomeçarão, no futuro, em novas experiências reencarnacionistas, sofrendo a frieza do comportamento, aprendendo através do sofrimento a respeitar a vida…

                      *

     Compadece-te e ama o filhinho que se encontra no teu ventre, suplicando-te sem palavras a oportunidade de redimir-se.
     Considera que se ele houvesse nascido bem formado e normal, apresentando depois algum problema de idiotia, de hebefrenia, de degenerescência, perdendo as funções intelectivas, motoras ou de outra natureza, como acontece amiúde, se também o matarias?
     Se exercitares o aborto do anencéfalo hoje, amanhã pedirás também a eliminação legal do filhinho limitado, poupando-te o sofrimento como se alega no caso da anencefalia.
     Aprende a viver dignamente agora, para que o teu seja um amanhã de bênçãos e de felicidade.

                            Joanna de Ângelis