sábado, 30 de abril de 2016
sábado, 23 de abril de 2016
Alcoolismo-Parceiros no Vicio (Possessão Partilhada)
"
Na série André
Luiz, fica bem claro, porém, que na maioria dos casos de viciados, de qualquer
natureza, a responsabilidade do espírito encarnado é muito grande;
referindo-se, especificamente, ao conluio entre Cláudio Nogueira e os parceiros
desencarnados, Félix teve oportunidade de dizer que, em nenhum momento, Cláudio
fora constrangido a aceitar a companhia do outro. A escolha fora dele. A
responsabilidade estava dividida em quotas iguais, porque era uma associação
natural, uma parceria consentida.
CASO CLÁUDIO
NOGUEIRA
Acompanhemos esse
caso em Sexo e Destino:
Félix e André
Luiz alcançaram o espaçoso apartamento do Flamengo, no Rio de Janeiro,
adentrando a residência de Cláudio Nogueira.
No limiar do
recinto doméstico, os benfeitores espirituais surpreenderam dois homens
desencarnados a debaterem casos de vampirismo.Nenhum dos dois registrara a
presença dos Espíritos amigos. Prometiam arruaças. Semelhantes companhias
indicavam a falta de defesa daquele lar, os riscos a que se expunham os
moradores desse ninho de cimento armado, suspenso em enorme edifício.
Na sala
principal, escarrapachado no sofá, Cláudio lia um jornal vespertino, com
atenção. Em meio aos adornos delicados da peça, o contraste de uma garrafa de
uísque, deitando emanações alcoólicas no ambiente, que se casavam com o hálito
do dono da casa.
Cláudio Nogueira,
homem maduro, na quadra dos quarenta e cinco janeiros, lutando contra os
desgastes do tempo, tinha o rosto bem cuidado, os cabelos penteados com
distinção, unhas polidas, e envergava pijama impecável. Naquele momento,
acompanhava o jornal como quem estava à cata de notícias maliciosas,
conservando entre os dedos ura cigarro fumegante. O cinzeiro próximo já estava
repleto, indicando o abuso da nicotina.
Repentinamente,
surgiram ambos os desencarnados infelizes que estavam na soleira da entrada,
abordando Cláudio, sem cerimônia. Um deles tateou-lhe os ombros e gritou:
- Beber, meu
caro, quero beber!
A voz
escarnecedora agredia a sensibilidade auditiva de André Luiz e Félix. Cláudio,
embora não pudesse detectar-lhe o chamado pelos sentidos físicos, trazia a
acústica da mente sintonizada com o apelante, que repetiu a solicitação,
algumas vezes, na
atitude do
hipnotizador que insufla o próprio desejo, repetindo uma ordem.
O resultado não
se fez esperar. O paciente desviou-se do artigo político no qual estava
interessado e sem que pudesse explicar a si mesmo, passou a deslocar o
pensamento noutra direção.
Beber, beber!...
e a sede de álcool se lhe articulou na ideia, ganhando forma. A mucosa
pituitária aguçou-se, como que impregnada do cheiro que vagueava no ar. O
parceiro desencarnado coçou-lhe brandamente os gorgomilos. Cláudio sentiu-se
apoquentado. Indefinível secura constrangia-lhe o laringe. Tinha necessidade de tranquilizar-se.
O amigo sagaz
percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia leve;
depois o abraço envolvente; e finalmente o abraço de profundidade, a associação
recíproca. Uma verdadeira enxertia fluídica.
Cláudio-homem
absorvia o desencarnado, a guisa de sapato que se ajusta ao pé. Fundiram-se os
dois, como se morassem eventualmente num só corpo. Altura idêntica. Volume
igual. Movimentos sincrônicos. Identificação positiva.
Levantaram-se a
um tempo e giraram integralmente incorporados um ao outro, na área estreita,
arrebatando o delgado frasco.
André Luiz não
saberia especificar a quem atribuir o impulso inicial de semelhante gesto, se a
Cláudio que admitia a instigação ou se ao obsessor que a propunha.
A talagada rolou
através da garganta, que se exprimia por dualidade singular. Ambos os
drogaditos estalaram a língua de prazer, em ação simultânea.
Desmanchou-se a
parelha e Cláudio, desembaraçado, se dispunha a sentar, quando o outro colega,
que se mantinha a distância, investiu sobre ele e protestou: eu também, eu
também quero!
Absolutamente
passivo diante do apelo que o assaltava, reconstituiu, mecanicamente, a
impressão de insaciedade.
Bastou isso, e o
vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo-se o fenômeno da conjugação
completa.
Encarnado e
desencarnado a se justaporem. Duas peças conscientes, reunidas em sistema
irrepreensível de compensação mútua.
André Luiz acompanhou
a posição mental de Cláudio e pode constatar que ele continuava livre no
íntimo. Não experimentava qualquer tortura, a fim de render-se. Hospedava o
outro, aceitando-lhe a direção, entregando-se por deliberação própria. Não era
caso de simbiose em que se destacasse por vítima. Era uma associação natural.
Félix explicou
que não se tratava de temíveis obsessores como poderia parecer. E ponderou:
- Cláudio
desfruta de excelente saúde física. Cérebro claro, raciocínio seguro. E
inteligente, maduro, experimentado. Não carrega inibições corpóreas que o
recomendem a cuidados especiais. Sabe o que quer. Possui materialmente o que
deseja. Permanece no tipo de vida que procura. E natural que esteja respirando
a influência de companhias que julgue aceitáveis. Retém liberdade ampla e
valiosos recursos de instrução e discernimento para juntar-se aos missionários
do bem que operam entre os homens, assegurando edificação e felicidade a si
mesmo. Se elege para comensais da própria casa os companheiros que acabamos de
ver, é assunto dele.
Félix descartou
qualquer possibilidade de expulsar as companhias de Cláudio, principalmente
porque o dono da casa os tinha à conta de sócios estimáveis, amigos caros. Há
também que se considerar se os vínculos seriam de agora ou de existência
passada.
A violência para
separar os parceiros seria totalmente desaconselhada, em qualquer caso,
sobretudo neste de parceria consentida.
A
responsabilidade tem o tamanho do conhecimento,lembrou Félix.
Não podemos
impedir que um amigo contraia dívidas ou despenque em desatinos deploráveis,
conquanto nos seja lícito dar-lhe o auxílio possível neste sentido, foi a
explicação de Félix.
A justiça humana
apenas cerceia as manifestações de alguém, quando esse alguém compromete o
equilíbrio e a segurança dos outros, deixando a cada um o direito de agir como
melhor lhe pareça. Como a Espiritualidade poderia agir de outra forma,
desrespeitando o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade de escolha das companhias
que desejamos usufruir?
Muitas vezes, os
benfeitores espirituais providenciam doenças ou impedimentos temporários para
chamar a atenção do encarnado, quanto ao caminho enganoso escolhido. Mas essas
são providências restritas, surgem como advertências dos que nos amam, quando
mereçam esse amparo de exceção.
Mais tarde,
Cláudio, enrodilhado a um dos seus parceiros, Moreira - vai tentar vencer as
defesas morais da jovem Marta, a filha que ele julgava ser adotiva.
André Luiz
descreve assim essa parceria:
O verbo
enrodilhar-se, na linguagem humana, figura-se o mais adequado a definição
daquela ocorrência de possessão partilhada, que se nos apresentava ao exame,
conquanto não exprima, com exatidão, todo o processo de enrolamento fluídico,
em que se imantavam. E afirmamos ”possessão partilhada”, porque, efetivamente,
ali, um aspirava ardentemente aos objetivos desonestos do outro, completando-se,
euforicamente, na divisão da responsabilidade em quotas iguais.
Qual acontecera,
no instante em que bebiam juntos, forneciam a impressão de dois seres num corpo
só.
Ao entrarem no
quarto de Marta, Cláudio e o parceiro estavam singularmente brutalizados pelo
desejo infeliz,
constituíam
juntos uma fera astuciosa.
André Luiz
descreve esse instante: A incorporação medianimica, espontânea e consciente,
positivava-se em plenitude selvagem. O fenômeno da comunhão entre duas
inteligências - uma delas, encarnada, e a outra, desencarnada
- levantava-se,
franco; ainda assim, desdobrava-se tão agreste quanto o furacão ou a maré, que
se expressam por forças ainda desgovernadas da Natureza terrestre...
Conforme explica
o benfeitor, toda a cena passava-se no plano mental, no silêncio, sem que a
pobre jovem percebesse.
Não vou entrar em
maiores detalhes deste livro extraordinário. Sexo e Destino merece ser levado ao
cinema e adaptado para uma série de televisão: é uma contribuição notável dos
Espíritos Superiores para a valorização do emprego das energias sexuais e um cântico
à vitória do amor universal."
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